top of page

A PAIXÃO NO CONTEXTO ESPORTIVO

  • Foto do escritor: GEPEEX
    GEPEEX
  • 10 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Por Nathan Costa*


Você deve conhecer alguém que é apaixonado pelo esporte, ou talvez, você mesmo seja essa pessoa. Na prática esportiva ou até torcendo para um clube ou atleta, a relação de vencedor e derrotado fazem parte do contexto esportivo e essa mistura de emoções fazem o esporte um fenômeno envolvente. A psicologia do esporte tem se dedicado a estudar a paixão e sua relação com os esportistas, desde os motivos para adesão até sua permanência.

No início, as pesquisas buscaram relacionar a paixão com a Teoria da Autodeterminação/TAD DECI, RYAN; 2000), a qual busca interpretar fatores sociais, pessoais e do ambiente para relacionar com a motivação e seus reguladores autônomos e extrínsecos. Posteriormente, a paixão passou a ser estudada na área da Psicologia Positiva, área que compreende o indivíduo em sua capacidade de potencializar seu bem-estar, a partir de seus aspectos psicológicos e suas virtudes.

Para melhor compreensão e regulação de termos para pesquisas, o Modelo Dualístico da Paixão MDP (VALLERAND et al., 2003) propôs duas formas de paixão: a paixão harmoniosa (PH) e a paixão obsessiva (PO). A paixão harmoniosa reflete em uma relação interna do indivíduo com o esporte, a qual é moldada ao longo do tempo com as relações com familiares, amigos e treinadores. Estudos ainda relacionam a PH com o aumento da autoestima e autonomia tanto no esporte, como na vida (CARUZZO et al., 2020), com a satisfação pessoal e com uma relação direta em atletas resilientes (KENT et al.,2018).

Já a Paixão Obsessiva reflete uma pressão interna para realizar a prática esportiva, e esse desejo incontrolável pode atrapalhar outros seguimentos da vida e da satisfação consigo mesmo (VALLERAND, 2015). A paixão obsessiva, por sua vez, pode relacionar emoções negativas como a frustração, mesmo quando praticam sua atividade preferida. Sentimentos de estresse, medo de falhar e conflitos (internos e externos) revelam a dificuldade ao enfrentar as adversidades não só do mundo esportivo (CARUZZO et al.,2020; LUTH et al.,2017).

A paixão pelo esporte pode impulsionar a prática de atividades físicas durante toda a vida, levando em consideração as necessidades do corpo. Na terceira idade, a prática de atividades físicas são essências para manutenção do bem estar, ou seja, começar ou continuar a praticar um atividade que lhe satisfaça, promovendo assim a saúde.

Do ponto de vista prático, a prática esportiva necessita de um ambiente saudável, com profissionais e familiares atentos para o desenvolvimento esportivo. Oportunizar o esporte em diferentes contextos, posições de jogo e variáveis podem precaver uma paixão obsessiva logo cedo, além de apresentar outros esportes também.


Artigos utilizados como base no texto:


CARUZZO, Aryelle Malheiros et al. Paixão no esporte: uma revisão sistemática no contexto das modalidades individuais. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p. e186985513-e186985513, 2020.

FRANÇA, Diego Galdino; CODONHATO, Renan; FIORESE, Lenamar. Relação entre paixão, resiliência e desempenho no triathlon. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, p. e666997767-e666997767, 2020.

RIBEIRO, Vandressa Teixeira. Propriedades psicométricas da escala da paixão para o contexto esportivo brasileiro. 2016. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Maringá.


REFERÊNCIAS


BOUFFARD, Léandre. Vallerand, RJ (2015). Psychology of Passion: A dualistic model. New York, NY: Oxford University Press. Revue québécoise de psychologie, v. 38, n. 3, p. 217-223, 2017.


DECI; E.L.; RYAN, R.M. The ‘‘What’’ and ‘‘Why’’ of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychological Inquiry, Massachusetts, v. 11, n.4, p. 227–268, 2000.

KENT, Sofie et al. The relationship between passion, basic psychological needs satisfaction and athlete burnout: Examining direct and indirect effects. Journal of Clinical Sport Psychology, v. 12, n. 1, p. 75-96, 2018.

LUTH, Matthew T.; FLINCHBAUGH, Carol L.; ROSS, John. On the bike and in the cubicle: The role of passion and regulatory focus in cycling and work satisfaction. Psychology of Sport and Exercise, v. 28, p. 37-45, 2017.

VALLERAND, Robert J. et al. Les passions de l'ame: on obsessive and harmonious passion. Journal of personality and social psychology, v. 85, n. 4, p. 756, 2003.

_________________________________________________________________________

*Nathan Leonardo Gomes Costa. Graduando em Educação Física pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e integrante do Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício (GEPEEX).




 
 
 

Comments


bottom of page