INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO ESPORTE
- GEPEEX
- 13 de out. de 2020
- 4 min de leitura
Por Karlla Emanuelle Ferreira Lima*

A Inteligência Emocional (IE) se refere às emoções e sua aplicação de forma assertiva. Esse conhecimento serve para desenvolver pessoas através de um treinamento psicológico ao qual visa perceber suas emoções e as dos outros, manejar as emoções e utilizar essas informações de caráter emocional para o aperfeiçoamento pessoal e profissional. No texto introdutório a seguir, preparamos para você leitor um breve entendimento sobre a IE, alguns conceitos clássicos e o que os achados constataram sobre a IE, mais especificamente no esporte.
Ao tratarmos de inteligência em um contexto geral, um dos conceitos mais aceitos é o de Wechsler (1939), que trata da capacidade total ou global do indivíduo de comportar-se com intencionalidade, pensar racionalmente e conduzir suas ações com eficácia no meio no qual está inserido. A inteligência não se trata apenas de uma mera soma de habilidades intelectuais, mas sim de uma análise profunda medindo os vários aspectos dessas habilidades. Além de tudo, o conceito de inteligência sofre algumas divergências de acordo com cada abordagem, as quais são evidenciadas desde dos primeiros estudos, apontando as diferenças entre os tipos de inteligência (SALOVEY; MAYER, 1990).
Uma destas abordagens é a da IE, que corresponde ao conjunto de habilidades, aos quais permitem o indivíduo perceber, assimilar, compreender e manejar as próprias emoções e as emoções das outras pessoas (GOLEMAN, 1995; SALOVEY; MAYER, 1990). Mediante aos diversos conceitos sobre a IE, existem também uma gama de protocolos adotados pelos pesquisadores que investigam essa temática. Confiram a seguir alguns dos instrumentos mais utilizados nos estudos com o esporte: Bar-On Emotional Quotient Inventory-Youth Version (EQ-i:YV) (BAR-ON; PARKER, 2003); Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT) (MAYER; SALOVEY; CARUSO, 2007); e a Self-Report Emotional Intelligence Test (SSEIT) (SCHUTTE et al., 1998). Esta última Escala é o instrumento mais adotado por pesquisadores no contexto esportivo (MACCANN et al., 2003; VIEIRA-SANTOS et al., 2018).
Mas de que forma a IE poderia auxiliar no contexto esportivo?
Confiram os achados de pesquisas recentes:
No contexto esportivo, estudos recentes associaram a IE com diversos estados emocionais antes do desempenho ideal e disfuncional (ARRIBAS-GALARRAGA et al., 2017; LANE, et al., 2009). Nessa busca pelo desempenho atlético, as pesquisas apontam que a IE foi associada de forma benéfica ao desenvolvimento das emoções, respostas fisiológicas ao estresse e uso bem-sucedido das habilidades psicológicas de atletas (LABORDE; DOSSEVILLE; ALLEN, 2016). Tais investigações apontam que a IE alavanca o potencial dos atletas na extração de informações de situações nas competições e treinamentos, a fim de perceber, manejar e utilizar essas informações para melhoria do seu desempenho atlético. Um olhar para o treinador também deve ser feito, e a IE desses treinadores e o bem-estar estão significativamente associados ao suporte à autonomia percebida e satisfação das necessidades psicológicas básicas dos atletas (WATSON; KLEINERT, 2018).
Conforme a leitura feita neste texto, pode-se afirmar que a IE é uma habilidade psicológica pode ser treinada ou não?
Sim, a IE é uma habilidade psicológica que pode e deve ser treinada, sejam por executivos, lideres, professores, treinadores, atletas e entre outros. Dessa forma, procurar uma profissional da psicologia capacitado irá te auxiliar nesse processo de aprendizagem e evolução.
O GEPEEX tem desenvolvido pesquisas sobre a IE no esporte e, em breve, os resultados serão divulgados em artigos científicos. Como sugestão de leitura, seguem as referências de alguns estudos citados nesse texto e outros para apropriação do conhecimento.
Segue o link do audiolivro INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, de DANIEL GOLEMAN. VOZ HUMANA.PARTE 1 >> Disponivel aqui
REFERÊNCIAS
BAR-ON, R.; PARKER, J. D. A. BarOn Emotional Quotient Inventory : Youth Version Total EQ and Scale Scores. Multi-Heal ed. Toronto, ON, Canada: Incorporated, 2003.
GARDNER, H. “Multiple Intelligences” as a Catalyst. The English Journal, v. 84, n. 8, p. 16, dez. 1995.
GERBER, M. et al. Effects of stress and mental toughness on burnout and depressive symptoms: A prospective study with young elite athletes. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 21, n. 12, p. 1200–1205, dez. 2018.
GOLEMAN, D. Emotional intelligence. New York - NY: England, 1995.
GROSSBARD, J. R. et al. Social desirability and relations between goal orientations and competitive trait anxiety in young athletes. Psychology of Sport and Exercise, v. 8, n. 4, p. 491–505, jul. 2007.
LABORDE, S. et al. Consequences and antecedents of debilitative precompetitive emotions. Psychologie Française, v. 61, n. 4, p. 303–317, dez. 2016.
LABORDE, S.; DOSSEVILLE, F.; ALLEN, M. S. Emotional intelligence in sport and exercise: A systematic review. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v. 26, n. 8, p. 862–874, ago. 2016.
LANE, A. M. et al. Validity of the emotional intelligence scale for use in sport. Journal of sports science & medicine, v. 8, n. 2, p. 289–95, 2009.
LEE, Y. H.; CHELLADURAI, P. Emotional intelligence, emotional labor, coach burnout, job satisfaction, and turnover intention in sport leadership. European Sport Management Quarterly, v. 18, n. 4, p. 393–412, 8 ago. 2018.
MAYER, J. D. et al. Emotional development and emotional intelligence: Implications for educators. What is emotional intelligence, v. 5, 1997.
VIEIRA, L. F. et al. Psicologia do esporte: uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, v. 15, n. 2, p. 391–399, jun. 2010.
VIEIRA-SANTOS, J. et al. Inteligência emocional: revisão internacional da literatura. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 9, n. 2, p. 78–99, 2018.
WATSON, M.; KLEINERT, J. The relationship between coaches’ emotional intelligence and basic need satisfaction in athletes. Sports Coaching Review, v. 8, n. 3, p. 224–242, 2 set. 2018.
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Karlla Emanuelle Ferreira Lima*. Mestranda em Educação Física pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e integrante do Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício (GEPEEX).
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